domingo, 14 de agosto de 2011

Meu pai e eu... 14/08/2011


O que dizer sobre o meu pai?
Humm!!! Ele era autoritário de dar raiva!!! Ciumento, controlador, desconfiado, cobrador... Quantas brigas, discussão, desavenças... Nossa!

Ele sempre dizia: quem fala o que quer, ouve o que não quer... E eu aprendi isso com ele... Sempre falei tudo que quis e com ele aprendi a capacidade de ouvir tudo que não quero, e suportar isso, sem odiar o outro, sem romper laços... No entanto, foi ele, até hoje, o único homem que sempre me tratou de igual para igual, que falou tudo que eu precisava ouvir e ouviu tudo o que ele não precisava, sem deixar de me amar e sem me abandonar.... Um amor maior por mim do que pelas minhas imperfeições. Nós éramos muito iguais... Ele me permitiu isso...

Mas ele era, também, carinhoso, bem humorado, protetor, provedor, cuidador. Ele amava a vida e viver. Quantos abraços e carinhos e beijinhos... O meu papai!!! Isso também ele me ensinou...
Um ser que eu podia contar em qualquer situação... Nunca me senti perdida enquanto ele viveu...

Ele cumpriu com a parte dele, de pai, magistralmente. Tudo que sou de bom devo aos meus pais, ao meu Pai. O que sou de ruim fica por conta da minha idiotice e rebeldia! Aquela rebeldia de quem quer sempre ir além dos limites e descobrir o mundo através dos seus próprios passos e quebrando a cara... Isso também ele me ensinou... Se quer, vá buscar, conquiste, percorra a sua estrada, não espere cair do céu. Mas em contrapartida toda queda que eu tive lá estava ele para assoprar e cuidar das minhas feridas, às vezes com olhos de reprovação, mas nunca se furtou a me cuidar... E eu tenho duplo privilégio, porque além de ter sido o meu pai, ainda o foi da minha filha!!! VôPai como ela sempre chamou!!! Mas ele sempre dizia com desdém, me desafiando... Você pretende-se à geração que assume o que faz, então... Faz! Mas depois assume! E quer saber? Assumo sim! Sempre assumi! O que me competia, e compete, sim!

Ele, o meu papai querido, me ensinou a ter coragem de caminhar, mesmo que com passos incertos, explorar, arriscar, a nunca fugir da raia, sem tentar. Por outro lado, ensinou, também, a sofrer as consequências com dignidade, com humildade para reconhecer erros, mas dignamente. A minha parte eu tenho feito de um tudo para dar conta, em todos os sentidos: como filha, como mãe, como profissional e trabalhadora, cidadã, e atualmente tenho investido mais na minha construção e crescimento como cristã e como mulher. Pois é, não por acaso que esse movimento de "ser mulher", tenha sido narrado por último... Descrevi os meus eus na ordem de importância que tiveram ao longo dos meus 47 anos vividos! Um tanto tardio esse movimento de me construir e crescer enquanto cristã e mulher, mas ainda estou nesse plano espiritual, então... Avançar sempre, desistir jamais!

Meu pai foi um paizão... Se não tinha dinheiro para uma diversão ou passeio nos levava ao Aeroporto de Viracopos ver aviões decolarem e pousarem ou a uma praça a fim de correr e brincar, ou ver os animais no bosque, na antiga "praia azul" (lagoa aqui da região de Campinas/SP), não era nada sofisticado, nem tinha brinquedos caros, eu joguei bola, andei de bicicleta, tomei sol, senti o vento, tive amigos, enfim, uma outra geração, que não tinha video-game, internet, celular... Era a natureza que conduzia a vida e não a tecnologia...

Com meu pai aprendi, também a gostar de esportes, de filmes, de ler, inclusive livro de bolso, os de western eram incríveis... A única coisa que eu não suportava era assistir com ele as lutas-livre (hoje UFC) e pescar... Sofria com o mise en scène e com o sangue das lutas e morria de dó dos peixes... Meu pai ria e dizia: isso é coisa de homem, vai pra lá! Então me calava, só para provar a ele que não era não! Que mulher aguentava, também! Mas por dentro me corroía... Pois é... Pequeno exercício para suportar as dores que as adversidades que vida nos impõe!

O danado do meu pai era São Paulino, pode? Ahhhh nesse ponto minha mãe e meus avós maternos foram mais influentes, provavelmente me salvei de ser são paulina porque o sangue falou mais alto! Meu coração já nasceu corinthiano, com muito orgulho, sim senhor! Com ou sem a porcaria da libertadores!!!! Blá blá blá... rsrsrs

Enfim... poderia passar o dia descrevendo tudo que fui feliz em ser filha do Sr. Sebastião. No entanto, paro por aqui para me atrever deixar uma mensagem a todos os meus amigos, internautas ou não... Uma mensagem de filha...

Seu pai está ainda caminhando contigo? Ombreie... Abraça-o. Gruda nele, como eu fiz com o meu! Viva intensamente cada instante que resta do tempo que estarão juntos aqui na Terra. Ele não é perfeito? Perdoe!!! Você é o filho! Ele lhe deu a vida, tem o direito de errar mais que você! Se você o ama, perdoará! Se não conseguir perdoar, assuma, então, que precisa aprender a amar. Faça valer a dádiva da vida e agradeça-o, superando-o. Tente fazer tudo melhor do que ele fez... Você pode descobrir que não conseguiriá fazer, melhor que ele, metade de tudo o que ele conseguiu realizar... Ele não lhe procura, procure-o; não fala contigo, fale você com ele; não lhe é carinhoso, seja você; ele sumiu, foi embora? Busque-o, não espere ser tarde demais... Já passou muito tempo e não tem volta? Tem sim... Enquanto os dois estão vivos há tempo sim, faça a sua parte, tente... Se não der certo fica por conta dele... É ele quem vai ter que conviver com isso... Tenha coragem, não se coloque na confortável posição de vítima onde só o outro é o algoz. Sempre tem a nossa cota de responsabilidade em tudo, sempre algo que poderíamos ter feito e não fizemos; ou que fizemos e não deveríamos ter feito... Cabe às duas partes ensinar e aprender a amar... Somos e vivemos o resultado implacável das nossas escolhas... Lembre-se, há inúmeras pessoas que gostariam muito de ter um pai cheio de defeitos para abraçar hoje, pessoas que nunca souberam, ouviram falar, nem muito menos viram seus pais... E isso é triste demais...

Pai! Eu bem que poderia ter sido melhor, mas fiz tudo que pude, foi o que consegui, de acordo com o que aprendi até então... Obrigada pelo muito amor que você me deu... Pode não ter sido tudo que eu queria, mas foi tudo que precisava... Você faz falta, me sinto vagando sem a sua força, mas seu legado de amor e ensinamentos me mantém. Receba, onde quer que você esteja, do brejo da minha alma, os lírios do meu amor eterno...

Beijo a todos...

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