domingo, 7 de agosto de 2011

Do que é efêmero... Ou não?

Foto: As ruínas de Ninive

Domingo é dia de descanso, segundo Titãs, e a maioria de nós todos!
Domingo também é dia de acordar mais tarde... Ficar na cama numa manhã de inverno ameno, sem a pressa e a pressão de ter que levantar. E deixar o pensamento viajar, ouvir música bacana, relembrar a semana que passou, projetar a próxima, mas sem muito compromisso esse planejar, apenas assim, para ter a noção de que controlamos o momento seguinte, a hora seguinte, o dia, a semana, o mês, o ano... Ou qualquer coisa que assim parecida seja.

Mas pode ser num domingo como este, com o pensamento em devaneio, o momento de tomar ciência de que não podemos controlar absolutamente nada (ou quase nada)... Hoje estamos todos aqui... Daqui a pouco, quem sabe? Não é pois a vida terrena efêmera?

E quando é que advém a consciência disto? Quando da perda de alguém muito querido, amado. E quando a ausência deste ser que se foi, representar como se a um pedaço nos fora tirado e partido com ele, e quando só restar uma dor inenarrável a lascerar em talhos que sangram, e não cicatrizar nossas carnes doloridas e machucadas...

Há em mim a consciência de ser passional e exagerada (ou não?)! Mas fato é que a dor dói de uma maneira realmente lancinante. A saudade vem e toma o ser como um grilhão que prende e aprisiona ao coração dolorido. As lembranças não conseguem satisfazer a ânsia do bálsamo, que só a volta do que se foi, aplacaria tal sofrimento. Um sino a repicar na mente ao som estridente de um NUNCA MAIS parece tirar o ar e sufocar o peito e vã é a tentativa de respirar, como a querer buscar nas profundezas do peito um motivo em permanecer vivo. Um olhar de súplica a implorar piedade e misericórdia busca o céu, na idéia de que algo, alguma coisa ou alguém venha libertar o ser do sofrimento...

Mas não... Nada, consegue livrar desse sentimento de ausência, de inacabado, do que foi, de pensar que é apenas um pesadelo do sono, na esperança de logo o amanhecer livrar daquela angústia inexplicável... De acordarmos...

E acordo! Num dia de domingo qualquer... Hoje! E percebo... Não é pesadelo... Uma voz vem do íntimo a indagar: por que? Mas... por que? E a libertação chega no transbordar das asas de um rio que ao rolar pela face nos alivia a opressão do peito e d´alma...

Consoladora convicção me perpetua o viver. Vejo fadas? Minha salvação... Convicção de um vir-a-ser aonde novamente os caminhos estarão a se cruzar. Se não cá neste, mas lá, noutro mundo, onde de fato a felicidade existe...

Esperarei! É o que resta. Esperarei... Assim como Nínive que descansa sobre as ruínas de si própria, cumprida a profecia de Jonas visto que o Tigre se lhe tornou o "inimigo".

Habitada agora, tão apenas, por animais e feras está Nínive... Chacais que lhes vagam, enfurecidos e inquietos, as salas vazias dos palácios em ruínas; também hienas que parecem transmitir uma pseudo alegria em retumbante e estridente riso a ecoar ao vento secular; ferida, seca, morta, não só pela dor do abandono que a existência de atitudes cruéis e insanas que se lhe mesmo colocou; mas também pela humilhação e escárnio dos que, ao constatarem a terra árida em que esse abandono transformou a existência antes gloriosa, lhe viraram as costas e ainda lhe cuspiram impiedosamente a derrota, pensando festejar uma, também, pseudo... Vitória!

Quando um vaso se quebra só cacos resta...

Nínive, não tendo mais a força do Tigre a lhe banhar e lhe trazer vida, permanece deserta, submersa "como palha seca", conforme previu a palavra do profeta. Não tendo jamais quem conseguisse reconstruí-la e reerguê-la da desolação na qual ficou à implacável destruição...
Mas está lá, e espera... apenas... espera...

Obrigado a todos aqueles que se foram,
mas que um dia pude conviver,
Foi uma honra...

Um beijo no coração de todos!

Pai... Um beijo na sua alma, onde quer que você esteja... Você faz falta...
Vô 36 anos de sua ausência, hoje, nunca apagarão a sua existência...

Denise
(Fabi Cris)
07/08/2011

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